Ashes to Ashes – Temporada 3: Episódio 8

Acabou-se! As minhas expectativas eram enormes e por mais que eu as tentasse baixar não conseguia, isso normalmente é a receita para a desilusão. E se calhar foi mesmo por causa disso que o meu sentimento no final do episódio tenha tido uma pitada de desapontamento. Para além deste 8º e ultimo episódio irei falar também um bocadinho sobre o que achei da temporada. Mais tarde irei dissecar toda a série em ligação com o artigo do Life on Mars que escrevi, e fechar de vez esta viagem épica. Obviamente isto tem SPOILERS!

Vamos ser claros. Havia muitas pontas soltas para fechar em apenas 1 hora, eu sabia disso e estava consciente que haveriam muitos plot holes e questões sem resposta. Mas… ficou claramente o sentimento de que em algumas questões os criadores simplesmente ignoraram o que tinham feito em temporadas anteriores e que em alguns pontos não houve o planeamento necessário. E isso é compreensível numa série tão pesada em pormenores e simbolismos como esta, mas senti-me particularmente enganado na forma como eles ignoraram por completo os acontecimentos da 1ª temporada onde ficou claro que o Gene interagiu com o mundo real da pequena Alex, só se me está a escapar algo (o que é possível). Ás vezes parece que abordaram cada temporada de forma isolada.

Mas vamos ao episódio em si e à solução do grande mistério. Desde logo tenho que destacar as magnificas prestações da Keeley Hawes e do Philip Glenister. A forma como eles seguraram o episódio foi sublime, e a despedida entre ambos no final foi comovente. Cheers for them! O caso da semana foi completamente superficial e funcionou apenas como desculpa para o desvendar do mistério (fez lembrar o caso final do Life on Mars) e foi vitima do ritmo infernal do episódio. O facto de terem deixado tanta coisa por responder em tão pouco tempo significou que todo episódio passou a correr sem darem o devido destaque a partes que pediam mais reflexão. A sequência em que Shaz, Chris e Ray vêm as cassetes são o exemplo perfeito disso. Ah e a ausência do John Simm foi um valente banho de água fria, para mim e para metade da Inglaterra. A verdade é que os criadores nem sequer contactaram-no para aparecer… podiam ter avisado 😦

E o grande mistério? Acabou por ser a teoria mais esperada, e embora não fosse a minha favorita (estava com esperanças que as viagens temporais tivessem algum impacto) já estava mentalizado e até acabou por resultar bem (embora tenha alguns plot holes que por vezes não lhe dão a consistência que precisava). Aquela realidade não é… real, funciona como um plano intermédio entre a vida e a morte, precisamente como um purgatório onde as pessoas vão para resolver problemas que ficaram no momento das suas mortes. Assim os “momentos Life on Mars” do trio eram precisamente eles a ultrapassar esses problemas que levaram às suas mortes na vida real.

Os indivíduos que chegavam àquele mundo ainda vivos (em coma) como Sam Tyler, Alex Drake e Martin Summers são os únicos com recordações do mundo… real. Gene como se esperava é o rapaz desfigurado que morreu em 1953 e chegou àquele mundo com a mesma finalidade de todos os outros, no entanto ele  ajuda os policias mortos a ultrapassar as suas dificuldades e a ganhar paz de espírito, ali representado pelo Railway Arms. Jim Keats (ele estava completamente louco :D) é o oposto do Gene, ele tem como finalidade levá-los para… o “inferno” simbolizado por uma viagem de elevador rumo ao desconhecido.

Até aqui tudo era mais ou menos o esperado, do que não estava à espera é que a própria Alex também estivesse morta. O relógio que dava 9:06 horas mostrava precisamente a hora em que a Alex sucumbiu ao ferimentos na vida real. Assim, também ela entrou no Railway Arms, tal como Chris, Shaz, Ray e Sam e Annie antes deles. Tudo policias que tinham terminado o seu percurso de vida e aceitado a sua morte. Gene ficou sozinho a desempenhar o seu papel naquela realidade, com um novo “recruta” a surgir no final do episódio a espelhar bem a forma como Sam entrou no inicio do Life on Mars, no fundo tudo isto é um ciclo sem fim.

Embora esperasse um bocadinho mais deste final, achei-o um bom episódio (gostei muito mais do 2º visionamento, já mais calmo e a frio), no entanto ficou muito longe do final de Life on Mars (aquele final teve um ritmo per-fei-to) e do inteligentissimo final da 1ª temporada de Ashes to Ashes. No entanto esta 3ª temporada foi extremamente boa, a melhor da série e com alguns episódios sublimes.  A série em si, foi um digno sucessor de Life on Mars que teve a coragem de ser diferente e não seguir os mesmos passos, isso criou uma identidade  própria distinta sem ter de se aproveitar do sucesso da original. Como disse atrás achei que deveria ter havido uma maior ligação entre temporadas, de forma a que funcionasse como um grande bloco em vez de 3 distintos. As personagens cresceram imenso em especial a Alex que começou a série meio tremida mas que aos poucos conquistou toda a gente, eu incluído.

Bom… isto era para ser um pequeno resumo, mas já me estiquei. Como disse no primeiro parágrafo, daqui a umas semanas irei fazer um artigo onde  irei tentar explicar o mundo de Ashes to Ashes e todos os seus simbolismos.

Edit: Depois de ler esta entrevista do Mathew para a SFX, fiquei mais elucidado sobre algumas duvidas que tinha, em especial a cena do final da 1ª temporada em que Gene dá a mão à pequena Alex.

Resta-me despedir de Gene, Alex, Chris, Ray, Shaz e companhia e agradecer a Matthew Graham, Ashley Faraoh e a todos os envolvidos e responsáveis por esta magnifica série.

Thanks everyone!

Comments
5 Responses to “Ashes to Ashes – Temporada 3: Episódio 8”
  1. Brendo diz:

    Vc deixou mto bem explicado, e irei ler seu proximo artigo!
    Acabei de assistir a finale agora, realmente gostei mto desta serie!!!!!!
    Estao todos d parabens!

  2. Obrigado Brendo 🙂

    O artigo ainda deve demorar, porque estou a pensar em rever de novo toda a série.

  3. Marcos diz:

    Muito bem definido.
    A série é espetacular. Os britânicos estão honrando o mestre dramático Sheakespeare criando realmente um conteúdo diferente e novo para a TV. Basta compararmos as versões de Life on Mars inglesa com a americana para vermos a forma “enlatada” que os americanos tratam as series de TV, sem contar que o próprio título é 100% britânico, extraídos de músicas lançadas por artistas britânicos exatamente no ano em que passa a trama, a trilha sonora é uma “personagem” (ou funcionam como um narrador), ela funde os cenários de décadas passadas dando um ar mais envolvente, ajudando a nos ambientar àquela época. Faz os espectadores sentirem-se exatamente como devem se sentir as personagens quando chegam ao passado e podem sentir o ar, as cores, os aromas e o clima da época. Sensacional.

  4. Concordo Marcos, a banda sonora para além de ser magnifica, é um importante condutor narrativo de ambas as séries.

    Em relação à versão americana, nem me dei ao trabalho de a ver, mas fui dar uma vista de olhos ao final e… bom… houve muitas gargalhadas cá por casa.

  5. Aline Z diz:

    Nunca havia assistido nenhuma série britânica, quando assisti Life on Mars por uma indicação do meu irmão, fiquei apaixonada!!! Já assisti 2 vezes. Com Ashes to Ashes não foi diferente….no entanto senti a falta de Johnn Simm….com certeza vou rever muitas e muitas vezes!!!! O triste é que quase não encontro ninguém comentando sobre essa incrível série…..viciei nos atores…ahhh estou começando a baixar Mad Dogs

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