La môme – La Vie en Rose [2007]

Para terminar esta pequena pausa na maratona Bond que centrei à volta da Marion Cotillard, nada melhor que ver o filme que a catapultou para a fama mundial, o La Vie en Rose.

Eu não sou grande adepto de biopics, acho que muitas vezes as histórias de vida dos retratados não são suficientemente interessantes para encher 2 horas (ou mais) de filme o que leva  muitas vezes ao aumento do melodramatismo e caem sempre na tentação de hiperbolizar a vida dessa pessoa. Isso é bastante evidente em biopics sobre artistas, especialmente cantores que têm quase sempre trajectos semelhantes.

Não conheço a história de vida da Edith Piaf, logo não me posso pronunciar em relação à fidelidade do que é retratado no filme, mas por muito interessante que tenha sido a vida da diva francesa (e de facto teve uma vida intensa) há muita “palha” que a meu ver pouco interesse trás ao filme.

Claro que a alma do filme é a Marion Cotillard, a sua prestação é um tour de force e de tal forma inacreditável que muitas vezes custa a acreditar que é realmente ela que está no ecrã. É um testamento ao seu enorme talento camaleónico, de coragem porque é uma enorme responsabilidade dar vida a uma das personalidades mais queridas de França e da sua entrega e trabalho, porque conseguir captar todos as nuances da Edith deve ter requerido horas e horas de pesquisa. Ela entra bastantes vezes num certo exagero e num overacting a meu ver compreensível, porque esta é uma personagem que vive muito da excentricidade, e a Marion cria quase uma pequena caricatura à volta de todos os maneirismos que caracterizam a Edith Piaf. No entanto a meu ver o que mais impressiona são os pequenos detalhes, como as subtis expressões faciais e especialmente o olhar que diz mil palavras. Esta é daquelas interpretações que surgem uma vez de muitos em muitos anos, e o seu Oscar deve ter sido um dos mais fáceis de entregar por parte da academia.

Embora o filme em si, como disse, tenha os seus episódios menos interessantes, é uma obra de qualidade, suportada por um excelente elenco e uma fantástica cinematografia. Tenho que destacar em especial a cena em que a Edith descobre que certa pessoa (não quero spoilar) morre num acidente de avião. É um plano-sequência de mais de 4 minutos com uma elevadíssima carga dramática e com o seu próprio twist.

Bom filme, vale obviamente pela interpretação da Marion, no entanto acaba por ser um bom documento histórico, mesmo que não seja totalmente fiel à vida da Edith Piaf.

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